Na noite de terça-feira, 2 de outubro, o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, declarou que o Irã “cometeu um grande erro” ao lançar mísseis contra o território israelense. Netanyahu afirmou que o Irã “pagará por isso” e que o governo iraniano “não entende” a determinação de Israel em retaliar contra seus inimigos. “Eles entenderão”, disse ele. “Nós manteremos a regra que estabelecemos: quem quer que nos ataque — nós os atacaremos”.
Segundo as forças israelenses, Israel foi alvo de cerca de 180 mísseis, a maioria deles interceptados. A resposta de Israel promete ser forte. A contenção que os aliados internacionais haviam pedido de Israel após o bombardeio iraniano anterior, em abril, provavelmente não estará em evidência desta vez.
A estratégia atual de Israel parece ser de duas vias: eliminar seus inimigos por meio de assassinatos e ataques aéreos e, em seguida, dissuasão — demonstrando ao Irã e seus representantes que todo ataque a Israel será recebido com força ainda maior.
Para o ex-oficial de inteligência israelense Avi Melamed, o ataque do Irã “está pronto para provocar um contra-ataque israelense significativo”. “Provavelmente veremos uma resposta significativa e imediata de Israel contra alvos iranianos”, diz Melamed. Gardner explica que Israel se prepara há muito tempo, com respostas prontas para o caso de ataques ao Irã. Agora, os oficiais responsáveis pela defesa do país avaliarão quando e com que força retaliarão.
Os alvos militares mais óbvios são as bases terrestres de onde foram lançados os mísseis balísticos de terça-feira. Isso inclui não apenas os silos, mas os centros de comando e controle e até mesmo as instalações de reabastecimento. Segundo Gardner, Israel poderia até mesmo tentar ativar sua rede de agentes dentro do Irã para ir atrás daqueles que ordenaram e executaram o ataque com mísseis. “Além disso, se Israel decidir escalar ainda mais, poderia mirar nas instalações nucleares do Irã”, diz.
De qualquer forma, um contra-ataque iraniano seria quase inevitável, com ambos os países perpetuando o atual ciclo de ataque e vingança. Os bombardeios iranianos aconteceram em meio à escalada de tensões no Oriente Médio com os ataques de Israel contra o Hezbollah no Líbano.
A tensão entre Israel e Hezbollah já havia aumentado desde os ataques do grupo palestino Hamas a Israel em 7 de outubro de 2023. Mas a situação piorou a partir de 17 de setembro desse ano, quando ocorreram explosões de pagers e walkie-talkies usados pelo Hezbollah no Líbano, matando mais de 30 pessoas e deixando mais de 2 mil feridos. Israel foi acusado pela ação, mas não negou nem confirmou a autoria.
Após o ataque do Irã contra Israel na terça-feira, quando cerca de 180 mísseis foram disparados, analistas avaliam que o próximo movimento do Estado judeu tem potencial para determinar o curso da guerra. Diferentemente da ofensiva realizada em abril, quando Israel e aliados interceptaram quase todos os 300 mísseis e drones das forças iranianas — numa investida que, apesar de superior em quantidade de armamentos lançados, foi amplamente considerada como simbólica — agora, a abordagem do Irã foi mais agressiva e com a intenção de causar danos significativos, dizem especialistas.
Na época, o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, pediu ao premier israelense, Benjamin Netanyahu, que “aceitasse a vitória”, e a resposta de Israel foi moderada: embora suas forças tenham disparado contra uma base aérea em Isfahan, uma cidade cercada por algumas das áreas nucleares.
Os aliados internacionais de Israel, incluindo os Estados Unidos e várias nações europeias, têm desempenhado um papel crucial na contenção das tensões na região. No entanto, com a recente escalada, a postura desses aliados pode mudar. A administração Biden, por exemplo, tem tentado equilibrar o apoio a Israel com a necessidade de evitar uma guerra aberta no Oriente Médio. A pressão sobre os aliados de Israel para intervir diplomaticamente pode aumentar, especialmente se a situação continuar a se deteriorar.
A escalada do conflito entre Israel e Irã não afeta apenas os militares e os governos envolvidos, mas também tem um impacto devastador sobre as populações civis. No sul do Líbano, por exemplo, os bombardeios israelenses resultaram em um grande número de mortes e deslocamentos. As organizações humanitárias estão lutando para fornecer assistência às pessoas afetadas, mas a situação no terreno é extremamente difícil.
Além disso, a possibilidade de ataques aéreos israelenses em território iraniano levanta preocupações sobre a segurança dos civis iranianos. As instalações militares e nucleares do Irã estão frequentemente localizadas perto de áreas urbanas, o que aumenta o risco de baixas civis em qualquer operação militar.
O futuro do conflito Israel e Irã é incerto, mas alguns cenários possíveis podem ser considerados. Uma resposta militar significativa de Israel pode levar a uma escalada ainda maior, com o Irã retaliando e possivelmente envolvendo seus aliados na região, como o Hezbollah. Isso poderia transformar o conflito em uma guerra regional de grande escala, com consequências imprevisíveis.
Por outro lado, há a possibilidade de que a pressão internacional e a diplomacia possam desempenhar um papel na contenção do conflito. A comunidade internacional, incluindo as Nações Unidas, pode intensificar seus esforços para mediar uma solução pacífica e evitar uma escalada maior. No entanto, isso exigirá um compromisso significativo de todas as partes envolvidas e uma disposição para negociar.
O conflito entre Israel e Irã está longe de ser resolvido e a recente escalada de tensões só reforça a complexidade da situação no Oriente Médio. Com ambos os lados prontos para retaliar, o ciclo de violência parece estar longe de um fim. A comunidade internacional observa atentamente, esperando que uma solução diplomática possa ser alcançada antes que a situação se deteriore ainda mais.
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